Em
nome das mulheres e da ciência é nosso papel disseminar
informação de qualidade para que gestantes e suas famílias tenham
uma experiência de parto satisfatória e resgatem o nascimento como
um evento natural, seguro e marcante para a formação do ser. Sendo assim pedimos ao editor da coluna que também publique nossa manifestação a seguir. Esperamos ter nossa solicitação atendida. Vamos aguardar.
Parto
seguro, única opção. Bingo!! Ninguém discute, é o que todos
gostaríamos que estivesse disponível para todas as gestantes no
sistema de saúde brasileiro. O que está equivocada é essa
definição do que seria um parto seguro, publicada na coluna Opinião
da edição do último domingo (20/01/2013), do jornal Estado de
Minas, redigida pelo obstetra Frederico Amedée Péret. Primeiro
porque parto natural e sem dor é algo muito raro e logo não há
como existir qualquer comprovação de que um parto sem dor é mais
seguro. Segundo porque basta estar vivo para correr riscos, portanto
não existe parto completamente isento de complicações. O que
existe são práticas na assistência ao parto comprovadamente úteis,
benéficas e que deveriam ser estimuladas. Práticas estas que
diminuem os riscos, a dor e aumentam a satisfação das mulheres e
famílias. Porém é exatamente o obstetra, que segundo a reportagem
seria o profissional mais bem qualificado para assistência ao parto
que tem realizado 52% de cesarianas. Sim, o parto normal é o mais
indicado para pelo menos 85% das mulheres, mas não tem sido assim.
Mais de 90% das mulheres que tiveram cesáreas no setor de saúde
suplementar sequer entraram em trabalho de parto e a grande maioria
das que entraram (seja no SUS ou no setor suplementar) foram
submetidas a procedimentos totalmente equivocados, ultrapassados,
ineficazes e até prejudiciais (iatrogênicos), provocando ou
aumentando a dor no trabalho de parto e gerando essa cultura de que
parto é algo que beira o insuportável.
São essas mesmas intervenções, praticadas diária e rotineiramente pelos profissionais de saúde, sem indicação clínica adequada, que têm tornado os partos complicados. O que tem feito as mulheres estarem submetidas a mais e mais riscos é justamente a assistência hospitalar comumente prestada: com ocitocina que aumenta a dor, imobilização no leito, jejum, posição deitada de barriga para cima e pernas suspensas, episiotomia, falta de acompanhante durante toda a internação, não utilização de métodos naturais que aliviam a dor (como banho, massagem, apoio de uma Doula), entre outros procedimentos que utilizados de rotina já estão condenados há algumas décadas.
São essas mesmas intervenções, praticadas diária e rotineiramente pelos profissionais de saúde, sem indicação clínica adequada, que têm tornado os partos complicados. O que tem feito as mulheres estarem submetidas a mais e mais riscos é justamente a assistência hospitalar comumente prestada: com ocitocina que aumenta a dor, imobilização no leito, jejum, posição deitada de barriga para cima e pernas suspensas, episiotomia, falta de acompanhante durante toda a internação, não utilização de métodos naturais que aliviam a dor (como banho, massagem, apoio de uma Doula), entre outros procedimentos que utilizados de rotina já estão condenados há algumas décadas.
A porcentagem de mulheres que apresentam prolapso de cordão (com rompimento espontâneo da bolsa), descolamento de placenta, placenta prévia (na 1a gestação, pois sabemos que cesáreas sucessivas aumentam os riscos disso acontecer), hipertonia uterina (em partos fisiológicos, sem ocitocina de rotina) é muitíssimo inferior a 52%. Então quais motivos tem sido dados para as mulheres concordarem em se submeterem a uma cirurgia cesariana, acarretando muito mais risco para ela e seu bebê? Falta de dilatação? Bolsa rota por 6 horas? Circular de cordão? Pressão alta? Pouco ou muito líquido? (Existe aqui uma lista de 121 falsas indicações de cesárea constantemente utilizadas para convencê-las). Quantas dessas mulheres tem tido hemorragias, infecções, histerectomias, perdido a vida porque não tiveram uma assistência adequada?
Para a OMS, para o Ministério da Saúde e para nós mulheres parto seguro é o bom parto, assistido por bons profissionais, em equipes multiprofissionais (médicos, enfermeiras obstetras/obstetrizes, doulas, etc). O profissional que prima pelo verdadeiro parto seguro tem como prática uma conduta baseada na melhores evidências científicas, fazendo uso de intervenções em caráter de exceção, respeita os tempos da mãe e do bebê, reconhece o protagonismo dessa dupla, é parceiro da mulher e da família, discutindo alternativas, expondo opções com seus riscos e benefícios e compartilhando decisões. Além de ser um evento onde deve prevalecer a saúde física da mãe e do bebê, precisa ser uma vivência familiar, fisiológica e feliz.
Leituras complementares:
- Pesquisa da Fiocruz: Notícia e Estudo completo
Envie também sua mensagem ao editor Pedro Lobato <opiniao.em@uai.com.br>.
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